Manhã de Inverno

Como de costume hoje acordei com os gritos da vizinha apressando a sua filha pra ir à escola. Levantei-me ainda um pouco sonolento e fui ao banheiro jogar uma água no rosto. Depois me direcionei para a cozinha e passei um café. Estava muito frio, tanto que saía aquela fumaça da boca.

Abri a porta de casa e a rua estava coberta por uma suave camada de neve. Ainda com o meu café nas mãos em gole em gole sentia meu corpo aquecendo e depois voltando a esfriar. Era sem dúvida a chegada do Inverno.

Olhei para o jardim da vizinha e fiquei admirando aquelas rosas brancas, eram vermelhas mas estavam cobertas de neve. Sempre admirei e me apeguei as flores, não sei muito o porque mas elas me passam uma sensação gostosa de tranquilidade. Elas definitivamente me acalmam.

Parti naquela manhã escura para uma floricultura. Se as flores me fazem tão bem então porque eu mesmo não cultivá-las?

Entrei na loja e logo emergi em um mundo fantástico de cores e perfumes. Minha indecisão naquela manhã era que tipo de flores eu iria levar?

Sim, eu queria um jardim perfeito que pudesse ser meu ponto de paz nos meus dias mais irregulares. E enquanto eu caminhava pelos corredores da loja um perfume suave e agradável se destacou mais do que todos naquele ambiente. Olhei para o lado e o perfume não vinha de uma flor, vinha de uma mulher muito atraente cujo os cabelos eram longos e os lábios eram bem avermelhados. Fiquei atônito. Eu tinha que de alguma forma me aproximar daquela mulher, e derrepente puxei um papo:

- Oi, desculpa incomodar mas eu estou procurando algumas flores para construir o meu jardim, você poderia me ajudar?

- Oi, mas é claro. Que tipo de flores você pretende para o seu jardim?

`Eu olhei fixamente para ela, e eu queria ela no meu jardim!´
Mas é claro que eu não disse isso.

- Ah, eu procuro flores coloridas que transmitam muita paz e alegria.

- Hum, então acho que pro seu jardim seria interessante você levar algumas tulipas.

- Bom palpite! Você me ajuda com as cores?

- Sim, sim. Leve algumas vermelhas que sempre dão destaque de longe, as brancas transmitem muita paz, e as amarelas completam com um toque de alegria. [Finalizou sorrindo]

- Nossa, você entende bem de flores, daria até para trabalhar aqui!
[Nesse momento começamos a rir]

- É né, se eu não fosse professora até que pensaria no assunto. Meu Deus! Eu ia me esquecendo disso, tenho uma aula para dar agora, preciso sair correndo... tchau foi um prazer!

- Tcha..Tchau!

E na velocidade da luz ela se despediu de mim, nem deu tempo de tentar manter um contato. Fiquei eu ali parado por alguns minutos sem reação com algumas tulipas nas mãos. E o que me restava era apenas pagar por aquelas flores e voltar para casa.

De cabeça baixa com um sentimento horrível me assolando o peito fui me distrair montando o jardim dentro do meu quintal.
Passou-se horas até que eu terminasse de plantar todas aquelas flores. Fui fazendo com extremo cuidado pois não queria de jeito nenhum estragar nenhuma daquelas tulipas que de certa forma me traziam a memória aquela linda e simpática mulher.

Passei a visitar aquela floricultura dias e dias depois na esperança de encontrá-la novamente. E todas às vezes que fui acabei sempre voltando descontente.

O fato é que nunca mais cheguei a vê-la de novo. Mas todas às vezes que eu acordo e olho pela janela eu sempre enxergo um pouco dela no meu pequeno e alegre jardim de flores.

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